3º Domingo da Páscoa | Homilia | Padre Francisco da Costa | 18/04/2021
3º DOMINGO DA PÁSCOA, ANO B – 2021
(Atos 3:13-15, 17-19. Salmo 4. 1 Jo 2:1-5a. Lc 24:35-48)
Caros irmãos e irmãs! Jesus ressuscitou. Amém! Se Jesus ressuscitou dos mortos e antes de subir ao céu, ele apareceu muitas vezes a seus apóstolos. A questão é, quando Jesus apareceu e se aproximou dos apóstolos, por que eles não O reconheceram? E, a outra pergunta, qual é o significado da ressurreição de Jesus para nossa vida cristã? Estas duas perguntas são como guias para nossa reflexão de hoje.
Caros irmãos e irmãs! Jesus ressuscitou, ou seja, Jesus ressurgiu. Esta é a verdade e o fundamento de nossa fé cristã. São Paulo diz: “Se Cristo não ressuscitou, então nossa pregação é em vão e vossa fé também é em vão” (1Cor 15,14). No Evangelho de hoje, Jesus tenta convencer seus Apóstolos a acreditar, que Ele mesmo está verdadeiramente ressuscitado dos mortos. Aqui colocamos a resposta para a primeira pergunta: por que os apóstolos não reconheceram Jesus quando Ele apareceu no meio deles? Porque Jesus estava revestido de um corpo glorioso. Podemos dizer que Jesus está apresentando o corpo transfigurado que revelou aos 3 discípulos no Tabor. Lá, percebemos que o corpo glorioso, o corpo ressuscitado, é diferente do corpo mundano. Não é fácil para os apóstolos acreditarem imediatamente na ressurreição de seu Mestre e Senhor Jesus. Isso leva tempo para processar. Naquele tempo este processo exige provas por parte deles, precisam de explicações, precisam de provas fortes e provas legais para acreditar. Hoje, ouvimos não só o testemunho de Maria Madalena e das outras mulheres, nem o dos apóstolos Pedro, João e os dois discípulos de Emaús, mas é o próprio Jesus ressuscitado, Aquele que ressuscitou dos mortos, que testemunha, revelando Sua própria ressurreição. É Jesus quem dá as provas, explicando tudo a seus apóstolos.
Caros irmãos e irmãs! Jesus revela sua ressurreição de várias maneiras. A primeira maneira, através de provas físicas ou corporais. Jesus estende suas mãos, seus pés, seu lado trespassado. No domingo passado, ouvimos como Jesus convenceu o apóstolo Tomé dizendo: “Ponha seu dedo aqui e veja minhas mãos, aproxime sua mão e coloque-a em meu lado, e não seja um incrédulo, mas um crente”. Jesus explica tudo isso para abrir a inteligência dos apóstolos para que eles não sejam duvidosos ou céticos, para que não sejam descrentes e nem pensem que Jesus é um fantasma. Foi isto que Jesus disse hoje: “Por que vocês estão perturbados, e porque esses pensamentos surgem em seus corações”? Olhem para minhas mãos e meus pés: sou Eu mesmo, toque-Me e veja: um espírito não tem carne nem ossos como vocês veem que eu tenho. Esta é a primeira evidência que Jesus usa para explicar sua ressurreição. Mas isto não é o suficiente, pois os apóstolos não estão convencidos. Eles ainda estão em dúvida. Para responder, na verdade para convencê-los, Jesus apresenta outra prova.
A Segunda prova, apresenta-se através da alimentação, da comida. Jesus perguntou: “Vocês têm algo para comer?” e lhe deram um pedaço de peixe assado, e Ele começou a comer na frente deles. Este segundo teste mostra que o fantasma não come. Pois Ele é o espírito, a criatura espiritual, imaterial.
A terceira prova, apresenta-se através de Suas palavras escritas na Sagrada Escritura. Isto é, Jesus cumpriu as profecias dos profetas, e antes de sofrer, morrer e ressuscitar, Jesus já lhes havia dito tudo isso. “Assim está escrito que o Messias devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia”. Todas estas evidências nos levam a compreender e aceitar com fé que a ressurreição de Jesus não é uma mentira, não é uma notícia falsa, não é fakenews, mas é verdadeiramente uma verdade que aconteceu na história.
Caros irmãos e irmãs! Qual é o significado da ressurreição de Jesus para nossa vida cristã? Uma delas é que a ressurreição de Jesus é nossa esperança. Em que sentido? No sentido de que nós, conforme Jesus disse no Evangelho da semana passada, “Bem-aventurados aqueles que creram sem ter visto”! Nós fazemos parte neste grupo. Então, acreditamos que após a morte também nós seremos ressuscitados. Seremos revestidos com o corpo glorioso, embora o corpo mundano esteja enterrado neste mundo, mas Deus nos revestirá com o outro corpo, que é o corpo ressuscitado. E o outro significado seria que Deus nos salva na totalidade, de corpo e alma. Não apenas a alma, mas o corpo também será salvo. Porque nós não somos fantasmas. Nós somos humanos. Temos corpo e alma. Portanto, durante nossa vida neste mundo, devemos antes de tudo cuidar de nosso corpo. Dizemos dar comida quando o corpo está faminto e sedento. Neste tempo de pandemia – seguimos o protocolo da saúde. E também, devemos pensar nos outros, os necessitados, os pobres. Além disso, devemos necessariamente cuidar e fomentar as necessidades de nossas almas também, através de orações, novenas, devoções e sacramentos, especialmente a Eucaristia.
Resumindo, é necessário praticar as obras de misericórdia de Deus, escritas no Catecismo de Pio X. São catorze: sete corporais e sete espirituais. As obras de misericórdia corporais são: 1) Dar de comer aos famintos; 2) Dar de beber aos sedentos; 3) Vestir os nus; 4) Dar abrigo aos peregrinos; 5) Cuidar dos doentes; 6) Visitar os prisioneiros; 7) Enterrar os mortos. As obras de misericórdia espirituais são: 1) Dar bons conselhos; 2) Ensinar aos ignorantes; 3) Corrigir os que erram; 4) Consolar os aflitos; 5) Perdoar as injúrias; 6) Suportar pacientemente as enfermidades do próximo; 7) Rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos. São estes os meios que nos ajudam salvar seja o nosso corpo, seja nossa alma.
Então, o que devemos fazer se acreditarmos que Jesus ressuscitou dos mortos? Seja uma testemunha de sua ressurreição. Cada um de nós, como batizados, é chamado a ser um apóstolo, o que significa enviado, isto é, ser um mensageiro para proclamar o Cristo ressuscitado. Para que as pessoas possam ser convertidas e salvas. Assim Pedro diz na primeira leitura: “Arrependei-vos e convertei-vos, para que vossos pecados vos sejam perdoados”. Assim seja!
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Pe. Francisco da Costa | Diocese de Díli, Timor-Leste