Epifania do Senhor | Homilia – Padre Francisco da Costa | 03/01/2020
DOMINGO DA EPIFANIA DO SENHOR
LEITURA I – Is 60,1-6, SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72),
LEITURA II – Ef 3,2-3a.5-6. EVANGELHO – Mt 2,1-12
Saudação! Celebramos hoje o Domingo da Epifania do Senhor. Epifania significa a manifestação de Deus. A manifestação de que nada mais, nada menos é do que a manifestação do amor divino. Deus manifesta realmente o seu amor para conosco na Encarnação do seu Filho Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo – ouvimos na segunda leitura da carta de São Paulo aos Efésios. Paulo reconhece que a profecia no AT sobre o mistério de Deus para salvar os homens torna-se concreto ou visível com a encarnação de Jesus e essa visibilidade de Deus não somente para Israel mas para todo o mundo, e não só o mundo humano mas toda criação. A universalidade da salvação de Deus.
A Epifania significa a manifestação de Cristo ao mundo como luz que pode iluminar as trevas dos homens. Profeta Isaías na primeira leitura justifica e convida o povo de Jerusalém dizendo: “Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora”. É isso que hoje escutamos no Evangelho onde três magos (3 reis: Gaspar, Melchior, Baltazar) vieram após longa viagem para ir ao encontro do recém-nascido Jesus, guiados pela uma estrela no céu. Aqui tem alguns pontos que precisam ser destacados: 1º) a reação frente o menino recém-nascido. Temos duas reações diferentes. Primeira dos Magos: escutar – procurar – encontrar. Os magos escutam, ouvem sobre o nascimento do menino Jesus. Depois de escutar, eles procuram, ou seja, saem da sua cidade guiados pela estrela para procurar o Messias. Eles pedem, eles perguntam «Onde está – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-LO». Finalmente, o que é que eles tinham ouvido sobre Cristo, levaram-nos a sua procura, e por conseguinte O encontraram. Como diz a passagem do Evangelho de São Mateus 7,7 “Pedi, e vos será concedido, buscai, e encontrareis, batei, e a porta será aberta para vós”. E, o sentimento que lhes acompanha é a alegria. E, quando chegaram, entrando na casa, e estavam vendo o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, O adoraram. Os Magos representam todos os povos que buscam estar juntos a única comunidade dos filhos de Deus. Com imensa alegria, eles conseguiram encontrar pessoalmente com o Menino e entregaram a Ele o melhor que tinham. Pois Deus se revela para nós a medida que entregamos o melhor de nós como o nosso presente ao Menino Jesus. Os Magos vieram de longe para oferecer ouro, incenso e mirra. São os presentes simbólicos. Ouro simboliza que Jesus é Rei – Os Magos são reis, mas eles reconhecem que Jesus Cristo é Rei dos reis. Incenso porque é Deus.
No Natal celebramos o mistério da Encarnação, o Verbo se fez carne, Jesus – Filho de Deus se torna Homem como nós, mas Ele continua sendo Deus. E mirra – símbolo da paixão que Jesus vai assumir. Jesus vai entregar a sua vida na cruz para salvar os homens. Tudo isto se resume na sigla INRI. Segundo o Evangelho de João, INRI foi a frase relatada no Evangelho segundo São João, e esta frase foi que Pilatos ordenou que fosse afixada na cruz em que Jesus Cristo foi crucificado, escrita em latim, grego e hebraico. O que fica para nós é Latim Iēsus Nazarēnus, Rēx Iūdaeōrum «”Jesus, o Nazareno, o rei dos judeus.” E qual foi a reação do rei Herodes. A passagem diz que ao ouvir tal notícia, ou seja, quando Herodes ouviu sobre o nascimento de Jesus, ficou perturbado, e não apenas Herodes, mas inclusive toda a cidade de Jerusalém fica temerosa. Herodes sente-se perturbado porque ele pensava que Jesus veio para tomar o poder dele. Perturbado por esse mau pensamento a sua primeira reação é matá-lo. E, a consequência, Herodes mandou matar as crianças. Foram mortas por causa de Jesus em que celebramos na festa dos Santos Inocentes. Portanto são dois sentimentos, duas reações que acompanham o nascimento de Jesus. De um lado, a alegria dos magos e por outro lado a tristeza de Herodes.
2) Em contrapartida, é possível enxergar também uma atitude diferente nos Magos, como do bem e em Herodes uma atitude do mal. Nos Magos percebemos uma atitude de humildade e em Herodes, a soberba. Tanto os Magos como Herodes – todos são reis. O que diferencia é a atitude deles. A procura dos Magos é para adorar o Menino Jesus, ao passo que Herodes procura o menino para matá-lo. Isto quer dizer que os Magos representam os homens bons que procuram louvá-Lo e adorá-Lo e Herodes representa os maus que o procuram para matá-Lo.
3) A outra lição que necessitamos aprender nas suas últimas palavras do Evangelho dizendo: os Magos retornaram para a sua terra, seguindo por outro caminho. Espiritualmente falando, retornar ou voltar seguindo outro caminho significa a mudança de vida. Depois de encontrar com Deus, depois de receber Jesus em nossas vidas, acontece a verdadeira transformação.
A pergunta para nossa reflexão é esta quem somos nós, ou melhor, qual é o nosso sentimento, qual a nossa reação ao ouvir o recém-nascido… O que queremos oferecer a Jesus… Talvez a pergunta mais importante seria o que queremos oferecer a Jesus, o recém nascido… é a nossa vida, é o nosso coração. A alegria do coração é o presente mais agradável a Deus. Para nossa vida, Deus é o Centro. E Para Deus, cada um de nós é o centro. Hoje cada um de nós é convidado juntamente com os Magos – embora estejamos vivendo ainda o momento difícil por causa da pandemia, alguns dos nossos irmãos e irmãs estão acompanhando a missa não presencial, apenas virtualmente, mas o que mais importa é a felicidade, o sentimento de alegria dentro do nosso coração para procurar o recém-nascido e acolhê-lo em nossa vida.
Celebrando a solenidade da Epifania do Senhor, é bom lembrar também que estamos vivendo uma outra manifestação, isto é, a tecnofania. A manifestação da tecnologia. O Papa no mês de Novembro de 2020 pediu que avanços da inteligência artificial sejam “humanos”, os avanços tecnológicos sejam orientados pelo bem comum de todos e para o respeito pela dignidade da pessoa e da Criação, não é para a desigualdade ou desumanização. A mudança da tecnologia deve ser orientada pela finalidade de ser como “estrela” que possa guiar e transmitir algo novo sobretudo a presença de Deus que nos traz alegria e a mudança em nossa vida.
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Pe. Francisco da Costa | Diocese de Díli, Timor-Leste